domingo, 4 de janeiro de 2009

Êêê capitalismo, vê se te orienta! [...]

"Quando morei na Flórida, um amigo do editor de reputação duvidosa de um jornal dirigia um banco. Ele despejou uma porção de ações sem valor sobre pessoas honestas. Um dia, o banco faliu. Eu já estava agradecido porque ele ia receber o que merecia, quando soube de outra jogada que ia fazer um arrombamento de cofre parecer brincadeira de criança.

O Editor desonesto e o banqueiro recomendavam aos depositantes falidos que pusessem o dinheiro no banco de outro amigo, receberiam 30 centavos por dólar. E uns 60 dias depois esse banco também desmoronou. Você acha que foram pra cadeia? Não. Estão entre os cidadãos mais respeitados da Flórida.

A virtude, a honra, a lei desapareceram. Somos todos espertalhões. A gente gosta de fazer coisas erradas e se safar. E se não conseguimos ganhar a vida com uma profissão honesta, vamos ganhar dinheiro de outra maneira."

(Al Capone (1899-1947), gangster americano que ficou bilionário contrabandeando bebida durante a Lei Seca, analisando o “crack” da Bolsa de Nova York em 1929 para a revista Liberty, em A Arte da Entrevista, de Fábio Altman (org.), Scritta 1995.)

Tomei a liberdade de transcrever essa parte da entrevista de Al Capone, acima mostrada, que pode também ser encontrada numa transcrição feita na revista Caros Amigos, número 140, novembro 2008. Texto este que nos remete a refletir sobre os criminosos e os que nós incriminamos e a uma análise do sistema atual.

“A falta de entendimento e de discernimento sobre os fatos, sobre o que acontece e como realmente acontece deixa-nos apenas com visões estereotipadas, com convenções baratas que amenizam o sentimento da real desgraça do sistema. O que vemos nem sempre é o pior, nem sempre é real, talvez, ou com certeza passem piores coisas despercebidas, porém com conseqüências percebidas à casca de outras ‘laranjas’.” - George F. Gregório da Silva -

Todos sabem ou já ouviram falar de Al Capone, nem que seja ao ouvir Raul Seixas. Esta figura tão emblemática da caracterização de um ser criminoso na visão do gangster estadunidense tenta justificar de maneira racional e que merece uma atenção, seus crimes. Explicitando que é uma alternativa que o próprio Estado proporciona e ensina-lhe. Pois o que somos? “somos todos espertalhões”. O que me chamou bastante atenção foi quando questionou a falta de conseqüências punitivas para os banqueiros (a meu ver, representantes de qualquer classe dominante especulativa). Estes dificilmente pagam pelas suas corrupções, geradoras de prejuízos imensuráveis. Será por que eles fazem um crime mais bem executado? Por terem “importante” status social? Ou mais dinheiro? Incógnitas. Talvez todos ao mesmo tempo. Cacciola que o diga.

No texto Alcapone analisa o crack de 1929, hoje o sistema financeiro vive outra crise bem parecida e de maiores proporções, os economistas mais neoliberais e direitistas existentes agora percebem que não é mais auto-sustentável o sistema capitalista, como tanto se preconizava. E que a palavra “estatizar” tão distante do universo neoliberal apareceu como a salvação do sistema. Não quero dizer aqui que é o fim do capitalismo, ele ainda tem muita força, mas é a partir daqui, que saindo da teoria de Marx e se apresentando aos fatos, se quebram todos seus princípios.

“Nós estamos assistindo sem que as pessoas queiram ao que Marx chama de socialização dentro dos limites da sociedade privada. É a concentração, é a multiplicação da sociedade por ações, é o controle público dos bancos.” Luiz Gonzaga Belluzzo

Al Capone foi preso, muito prejuízo ele causou, o sistema é visivelmente falho, muito mais prejuízo este causa. Falcatruas e enriquecimento a custa da massa quase sempre existiu. Mas os culpados quase nunca. A liberdade do sistema foi posta em prova. Entende-se mais uma vez com isso que a liberdade predispõe de regras.

[...] Assim desta maneira, nego. Os pobres não aguentam.


George F. Gregório da Silva



Ahh. Jingle Bells! E que o rapazinho lá não precise nascer todo ano pra termos uma desculpa para paz... E que não seja apenas uma desculpa.

2 comentários:

George Freitas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

hummm
lendo pela 2ª vez se entnde +/-...
é, +/-...
=]