sábado, 6 de dezembro de 2008

A Menina Defenestrada



Muito mesmo se falou da menina defenestrada
O que não ouvi dizer foi das mortes desalmadas
Dessas que bem perto acontecem
E que por ofuscação dos edifícios
Rapidamente se esquecem

Dos preços que sobem?
Ninguém mais lembra
O que resta a nós?
Mudar de canal e ver se dá zebra
Se acontece que num desses
Não passe mais a tal menina
Que com tristeza se foi
E que com tristeza ainda fica
Servindo de “circo” pra o povo
E de “pão” pra o picoleseiro
Que o que vende num mês todo
Acabou-se no mosqueiro

Daqueles que esperavam os assassinos
Que as próprios moscas julgaram
Sem processo ou legalidades
Mas apenas com seus instintos
Que elegem os que nos governam...
A voz do povo é a voz de deus!

Mas errado ainda fico e omito
Se não acabar o que vos foi dito
Pois o circo quem faz é a mídia
E o pão ela mesma come
Das migalhas que sobram
Reciclam e ainda consomem

Se não quer fazer jornalismo
Faça apenas humorísticos
Que não seja aquela zorra
Bote o zorro que me contento
Mas que não venha com todo intento
Acabar com o que ainda resta
Da mente crítica e da inteligência
Do povo que lhe dá sustento

George F. Gregório da Silva

8 comentários:

Jacinto disse...

a menina alguma coisa ai é muito bom mesmo!
vlw.

Unknown disse...

Muito bom, só a referencia ao pão e circo que achei meio imprópria pois a mesma tem um carater mais de 'exploração e de alienação' política! Um sinonimo caíria bem. Parabéns!

George Freitas disse...

Na verdade nada do que foi feito em prol do sensacionalismo do caso da menina deixou de ser alienação política. Tudo que desvirtua a mente do povo com estardalhaço sensacionalista está bem longe de ser uma inclusão política, mas sim uma exclusão dos reais ou mais relevantes problemas sociais. A não ser que seja política de resolução imediata como vingança ou coisa assim. Utilizei os termos metaforicamente. O "pão e circo" foi mais do que uma "alienaçao" e "exploração" política. Mas sim apresentado como uma política de exploração e alienação do povo, em todos os sentidos, e tendo como autor a mídia.
Obrigado pelos elogios!
Valeu pela crítica!

larah... disse...

bestera

vai quere distribuir autografos tb agora?
se axano!



hauhauhauhauah!

Ahcor disse...

Nussa!
aeww hein!?eu que incentivei!
hauahau
Sim, tah massa, e concordo com vc quando disse que tudo ali, todo o circo foi uma alienação política, brilhantemente orquestrada pelos advogados de defesa. Jogar a opinião pública contra o casal Nardoni e transformá-los em vítimas foi uma boa jogada, tô ansioso pelas cartas que vão ser postas na mesa durante o julgamento.
Sucesso aew com o blog e vê se ousa mais!

Thiago Ivo disse...

Parabéns, George. Um texto bem escrito e uma bela crítica também. Gostei muito de como você usou "pão e circo", pois nestes casos mais trágicos, essa política é mais efetiva e menos notada - aí onde mora o perigo, pois deixamos tudo de lado e passamos e respirar o jornalismo sensacional que é nos imposto. Continue nos presenteando com suas críticas bem elaboradas. Abraço.

Um Mendigo disse...

Para a impressa gorda(feliz expressão de Nelson Werneck Sodré)
o povo é um joguete, a ela cabe escolher como serão as modas, os ritmos, os gostos, os costumes, as manias, até o horário de acordar e dormir é ela quem nos dita. Há décadas que permanecemos em silêncio, vemos as nossas crianças sendo abduzidas pelo fantátisco mundo da XUXA, vemos os nossos adultos entregues ao debate a cerca da novela das oito, entregamos as nossas cabeças para que eles façam o nosso cérebro de vaso. Vaso que não possui flores, só esterco.

Lainha disse...

Fantástico!!!
Uma coisa é pensar e ter ideologias,outra é saber colocar em palavras de uma forma harmônica, como uma música,para que todos leiam e reflitam.

Tens uma nova leitora;Ahh não desista, tire nem q seja 5 min do seu dia e divida conosco uma boa leitura, ou não, mas que venha como for, será sempre a nossa 7ª Arte.

Beijos.